Quais tendências poderão nos levar ao net zero em 2050?
Ao longo da história, muitas transformações estruturais nas matrizes energéticas globais ocorreram para garantir segurança energética, redução de custos, e viabilizar o desenvolvimento econômico, social e tecnológico de um país. Desde a década de 1990, as mudanças climáticas decorrentes do crescente aumento de emissões de gases de efeito estufa por ações antropogênicas se estabeleceram como um novo agente propulsor para uma nova transição energética mundial.
O processo de transformação das matrizes energéticas ao redor do mundo, hoje majoritariamente fósseis, em matrizes de baixo carbono tem sido amplamente discutido nas esferas governamentais e institucionais. É preciso garantir que a transição seja ambiental e economicamente sustentável, e acessível à sociedade como um todo. Nesse sentido, debates em nível global são extremamente relevantes para o desenvolvimento tecnológico e construção de um arcabouço regulatório robusto, permitindo o desenvolvimento de um mercado competitivo e políticas públicas inclusivas. De forma complementar, discussões em nível nacional são fundamentais para que as tendências mundiais sejam contextualizadas e adaptadas às particularidades do país, considerando as características geográficas, demandas e disponibilidade de recursos produtivos.
WORKSHOP
Para fomentar as discussões sobre transição energética no Brasil, a Plugue e o SENAI CETIQT realizaram no dia 22 de novembro de 2022 um workshop para debate do futuro da distribuição de gás natural. O formato híbrido do evento possibilitou a participação de uma ampla audiência de mais de 90 pessoas.
A dinâmica do workshop contou com vários momentos de interação com a audiência online e presencial, onde as macrotendências biometano, hidrogênio, captura, utilização e armazenamento de carbono, e mercado de carbono foram abordadas, visando a estabelecer estratégias de redução de emissões na cadeia de distribuição e uso do gás natural.
De forma geral, a audiência apontou o biometano como a principal tendência para descarbonização do setor de distribuição e uso do gás natural. A sua produção e distribuição poderiam ser impulsionadas por meio da criação de políticas públicas para implantação de novas usinas e construção da infraestrutura de distribuição. O desenvolvimento do Mercado Livre de Gás também estaria atrelado a mais investimentos em ampliação da malha de gasodutos, principalmente para fornecimento a clientes industriais.
No Brasil, o papel do hidrogênio seria de insumo para processos industriais, principalmente para descarbonização de setores industriais de difícil abatimento, como siderúrgicas e construção civil, além do uso para mobilidade, o que demonstrou um alinhamento da audiência com as tendências mundiais. Foi apontada também a relevância da produção nacional de hidrogênio para exportação, em concordância com as projeções de estudos de mercado nacionais e internacionais.
Em relação ao mercado de carbono regulado, o público geral apontou que ele estaria estabelecido entre 2025 e 2030, tendo em vista que já existem iniciativas governamentais para estruturação do mercado de carbono nacional. Entre as tendências que poderiam ser impulsionadas pelo mercado de carbono por meio da geração de créditos, foram citadas estratégias de captura e uso do CO2, como a produção de combustíveis sintéticos e insumo da indústria química. Foram citados também a produção de biocombustíveis, tratamento de resíduos agroindustriais e urbanos, e injeção de biometano ao gás natural fóssil.
O workshop foi uma ótima oportunidade para reunir diversos atores da cadeia de valor de combustíveis gasosos e debater as tendências que poderão levar a um futuro sustentável e alinhado com políticas energéticas modernas para o setor. Agora, é hora de elaborar a estratégia e definir as ações para que esse futuro se concretize.
Pesquisadora - Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras | SENAI CETIQT
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