top of page
BG-home-BLOG.jpg
Logo-BLOG.png
IlustraçãoBanner--BLOG.png

O que é e como se constrói uma cidade inteligente, sustentável, inclusiva, resiliente e netzero?

Onde mora a inovação na cidade do amanhã?

Essas e outras questões foram assunto de muita caminhada e discussão entre estudantes de Doutorado de três cidades e universidades diferentes. Na primeira edição do Global Research Academy, uma turma multicultural e interdisciplinar de brasileiros, ingleses, chilenos, indianos, chineses e alemães se encontrou em julho de 2022 para uma imersão coletiva e reflexiva sobre os desafios das cidades modernas. Eu tive o privilégio de ser parte desse grupo de pesquisadores e quero compartilhar com vocês alguns insights dessa aventura.


 

A nossa jornada teve início em Londres e, logo que chegamos, nos deparamos com uma onda de calor que gerou um certo caos na cidade. Pista do aeroporto derretida, trens com operação reduzida, janelas que mal abriam, paredes e portas grossas, carpetes e, para completar, cerveja quente, bem quente! Apesar das dificuldades para se deslocar na cidade, conseguimos nos encontrar com o nosso guia para o Walking Tour em Brick Lane.

Nascido em Manchester, Pete faz parte da iniciativa Unseen Tours que possibilita que pessoas que já viveram em situação de rua possam passar seu conhecimento sobre o bairro - neste caso, um bairro famoso pela street art… poderíamos imaginar algo assim em São Paulo? Ali percebi que não se constrói uma cidade do amanhã passando por cima da exclusão, marginalização e desigualdades sociais tão presentes no nosso dia a dia.

Corroborando isso, trago a fala da vice-presidente do Kings College, que, em menos de quinze minutos, sutilmente apoiada em uma das mesas e com sua voz calma e acolhedora conseguiu nos tocar profundamente. Nascida em Londres em uma família nigeriana e dedicada à pesquisa na área de segurança e desenvolvimento na África, muito certeira, nos perguntou: “vocês estão ouvindo o silêncio?”. E isso reverberou em questões essenciais: quem terá acesso à cidade do amanhã que estamos construindo? Quem deveria estar nessa discussão e não está? Como as inovações podem contribuir para erradicar a pobreza, que é o objetivo principal da agenda sustentável?

 

Depois foi a vez de explorarmos o conglomerado de prédios privados localizados no autodenominado Kings Cross Estate.

Originalmente, era um local de desembarque de grãos, carvão e outros produtos que vinham do interior da Inglaterra e, hoje, tem CEP próprio e é um endereço modelo para diferentes iniciativas sustentáveis: prédios com certificado de carbono neutro, abastecidos 100% com eletricidade e gás renovável; o empreendimento tem um centro de energia próprio - que realiza uma trigeração, levando água quente, eletricidade e resfriamento para os demais ambientes conectados ao centro. O maior dos prédios, que ainda está em construção, será do Google. Não posso deixar de mencionar os apartamentos de altíssimo padrão construídos dentro da estrutura remanescente do balão de gás. Essa estrutura é muito semelhante ao que temos no Brás, em São Paulo, afinal, foi tecnologia inglesa que chegou em 1872 para possibilitar o início da iluminação a gás na cidade, fundando a São Paulo Gas Company.

 

Seguindo a programação, a turma toda se encontrou em Berlim. Lá, algumas coisas chamaram a minha atenção: a quantidade de carros elétricos e compartilhados espalhados pela cidade e o incentivo à prática de logística reversa com direito à cashback nas suas compras de mercado - uma máquina no interior do supermercado que engole garrafas pet e de vidro e devolve um recibo com o desconto equivalente. Com relação àquela discussão sobre direito à cidade, vimos uma ocupação de um aeroporto desativado que virou parque, a ideia de playgrounds urbanos que divertem crianças e adultos e são construídos cada um à sua maneira - sem aquele padrão que temos por aqui de gangorra e escorregador - mostrando que a cidade pode ser divertida e inclusiva. Vimos também o Changing Cities Movement que vem promovendo o conceito de mobilidade sem barreiras: são limites internos em alguns bairros onde não passam carros, onde bicicletas e pedestres têm a segurança para transitarem e a população sente o benefício de um ar menos poluído, de ruas com menos ruído e com o estímulo à mobilidade ativa.


Em fevereiro, a turma vai se encontrar novamente, porém, dessa vez, em São Paulo.


Pensando nisso, quais iniciativas estão sendo feitas aqui que desenham a São Paulo de amanhã? Partindo do leque de oportunidades que temos para enfrentar cada desafio, aprendi que a cidade do amanhã até pode ter elementos futuristas, diferentes, produtos e modelos de negócios ainda inimagináveis e disruptivos, mas a inovação precisa morar dentro de cada um. Isso, tanto seguindo as tendências já anunciadas de mudança no comportamento do consumidor e da busca por produtos sustentáveis, quanto formando as “pessoas do amanhã”, smart people, pessoas resilientes, pessoas sustentáveis e as pessoas inclusivas que vivem e desfrutam do coletivo, que têm tempo para aproveitar a cidade, que lutam por igualdade, que não toleram a exclusão e que trabalham para que toda inovação cumpra seu objetivo principal: garantir qualidade para a vida dos seres humanos e, não humanos, que compartilham do mesmo tempo-espaço, hoje e amanhã.


Paola Petry PM de Energia Limpa e Renovável Plugue | Hub de Inovação da Comgás

Komentáře


bottom of page